segunda-feira, outubro 30, 2006

Boa semana, principes e princesas!!!


Retrato de uma princesa desconhecida








Para que ela tivesse um pescoço tão fino


Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule


Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos


Para que a sua espinha fosse tão direita


E ela usasse a cabeça tão erguida


Com uma tão simples claridade sobre a testa


Foram necessárias sucessivas gerações de escravos


De corpo dobrado e grossas mãos pacientes


Servindo sucessivas gerações de príncipes


Ainda um pouco toscos e grosseiros


Ávidos cruéis e fraudulentos


Foi um imenso desperdiçar de gente


Para que ela fosse aquela perfeição


Solitária exilada sem destino








Poema de, Sophia de Mello Breyner Andresen












(Sobre o poema, uma pergunta minha: será que valeu a pena?)
fatima

3 comentários:

Anónimo disse...

Alguns textos que gosto e gostava de te dedicar com AMOR ETERNO. São sentidos até ao fundo dos ventrículos do meu triste coração.
AUGUSTO GAIA


Por Te Rever (MAFALDA VEIGA)

Quisera roubar-te essas palavras e morrer
Trazer-te assim até ao fim do que eu puder
E começar um dia mais eternamente
Por te rever, só
Pudesse eu guardar-te nos sentidos e na voz
E descobrir o que será de nós
E demorar um dia mais eternamente
Por te rever, só
Quisera a ternura, calmaria azul do mar
O riso o amor o gosto a sal o sol do olhar
E um lugar pra me espraiar eternamente
Por te rever, só
Pudesse eu ser tempo a respirar no teu abraço
Adormecer e abandonar-me de cansaço
Quisera assim perder-me em mim eternamente
Por te rever, só



Nalgum Lugar Perdido (MAFALDA VEIGA)

Olhar-te um pouco
Enquanto acaba a noite
Enquanto ainda nenhum gesto te magoa
E o mundo for aquilo que sonhares
Nesse lugar só teu

Olhar-te um pouco
Como se fosse sempre
Até ao fim do tempo, até amanhecer
E a luz deixar entrar o mundo inteiro
E o sonho se esconder

Nalgum lugar perdido
Vou procurar sempre por ti
Há sempre no escuro um brilho
Um luar
Nalgum lugar esquecido
Eu vou esperar sempre por ti

Enquanto dormes
Por um momento à noite
É um tempo ausente que te deixa demorar
Sem guerras nem batalhas pra vencer
Nem dias pra rasgar

Eu fico um pouco
Por dentro dos desejos
Por mil caminhos que são mastros e horizontes
Tão livres como estrelas sobre os mares
E atalhos pelos montes

Nalgum lugar perdido
Vou procurar sempre por ti
Há sempre no escuro um brilho
Um luar
Nalgum lugar esquecido
Eu vou esperar sempre por ti



Em Toda A Parte (MAFALDA VEIGA)

A distância é um fogo
Onde vou chegar
Num abraço fechado
Para te levar

Por campos abertos
Por onde puder
Levar-te por dentro
Pra não te perder

Nem com mil tormentas
Que arrasem o mundo

Em qualquer lado
Onde quer que eu vá
Levo no corpo o desejo
De te abraçar
Em toda a parte
Onde quer que o sonho me leve
Hei-de lembrar-me de ti

Por outros caminhos
Hei-de vaguear
Num abraço fechado
Para te levar

E há uma canção
Que um dia aprendi
Eu hei-de cantá-la
A pensar em ti

Em qualquer lado
Onde quer que eu vá
Levo no corpo o desejo
De te abraçar
Em toda a parte
Onde quer que o sonho me leve
Hei-de lembra-me de ti


AUGUSTO GAIA

OLHAR VAGABUNDO disse...

descobri-te e vou voltar....
beijo vagabundo

DE-PROPOSITO disse...

Que poema. Não conhecia. Os poemas da Sophia são maravilhosos.
Beijinhos.
Manuel