Eu sou uma mulher
que sempre achou bonito
menstruar.
Os homens vertem sangue
por doença
sangria
ou por punhal cravado,
rubra urgência
a estancar
trancar
no escuro emaranhado
das artérias.
Em nós
o sangue aflora
como fonte
no côncavo do corpo
olho-d'água escarlate
encharcado cetim
que escorre
em fio.
Nosso sangue se dá
de mão beijada
se entrega ao tempo
como chuva ou vento.
O sangue masculino
tinge as armas
e o mar
empapa o chão
dos campos de batalha
respinga nas bandeiras
mancha a história.
O nosso vai colhido
em brancos panos
escorre sobre as coxas
benze o leito
manso sangrar sem grito
que anuncia
a ciranda da fêmea.
Eu sou uma mulher
que sempre achou bonito
menstruar.
Pois há um sangue
que corre para a Morte.
E o nosso
que se entrega para a Lua.
Poema de, Marina Colassanti
3 comentários:
Mais um poema
dedicado á mulher
e como todas as mulheres
e lindo
bjs e um sorriso
Mulher, Mãe...
Sente-se uma conotação diferente de:
Homem, Pai...
E claro que tem que haver motivo para ser diferente.
Gostei muito do poema.
SP
não gosto :-( de auto-promoção feminina por qq coisa que é natural, já agora, pq não um auto-elogio ao peito que dá de mamar e o dos homens não dá?
exageros sem graça
ou um poema sobre a barba/pelos dos homens que na mulher é um drama
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