quinta-feira, novembro 15, 2007




A Bela Acordada











Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia era bonita, as pessoas diziam-lhe:



- Eu amo-te.



E iam com ela para a cama e para a mesa.



Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:



- Não gosto de ti.



E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.



A mulher pediu a Deus:



- Faz-me bonita ou feia de uma vez por todas e para



sempre.



Então Deus fê-la feia.



A mulher chorou muito porque estava sempre a apanhar



com caroços de azeitona e a ouvir coisas feias. Só os animais



gostavam sempre dela, tanto quando era bonita como quando



era feia como agora que era sempre feia. Mas o amor dos animais



não lhe chegava. Por isso deitou-se a um poço. No poço,



estava um peixe que comeu a mulher de um trago só, sem a



mastigar.



Logo a seguir, passou pelo poço o criado do rei, que



pescou o peixe.



Na cozinha do palácio, as criadas, a arranjarem o peixe,



descobriram a mulher dentro do peixe. Como o peixe comeu a



mulher mal a mulher se matou e o criado pescou o peixe mal o



peixe comeu a mulher e as criadas abriram o peixe mal o peixe



foi pescado pelo criado, a mulher não morreu e o peixe



morreu.



As criadas e o rei eram muito bonitos. E a mulher ali era



tão feia que não era feia. Por isso, quando as criadas foram



chamar o rei e o rei entrou na cozinha e viu a mulher, o rei



apaixonou-se pela mulher.



- Será uma sereia ? – perguntaram em coro as criadas ao



rei.



- Não, não é uma sereia porque tem duas pernas, muito



tortas, uma mais curta do que a outra – respondeu o rei às



criadas.



E o rei convidou a mulher para jantar.



Ao jantar, o rei e a mulher comeram o peixe. O rei disse à



mulher quando as criadas se foram embora:



- Eu amo-te.



Quando o rei disse isto, sorriu à mulher e atirou-lhe com



uma azeitona inteira à cabeça. A mulher apanhou a azeitona e



comeu-a. Mas, antes de comer a azeitona, a mulher disse ao rei:



- Eu amo-te.



Depois comeu a azeitona. E casaram-se logo a seguir no



tapete de Arraiolos da casa de jantar.








Poema de Adília Lopes

2 comentários:

ruth ministro disse...

Deixo um beijinho... :)

Klatuu o embuçado disse...

Grande Adília!