Eu ouço apenas um rouxinol
Há quem tenha todas as filosofias do mundo
eu ouço apenas um rouxinol na floresta
-- e isso me basta.
Gosto de ouvi-lo. É tudo.
Bebo o vinho, beijo na língua,
e não sei a casta.
Outros são os enólogos,
os profundíssimos enólogos.
Eu mal distingo o azal do cabernet,
o loureiro do trajadura.
E assim vivo, animal de sons e cheiros,
longínqua e lunática criatura.
Há quem tenha todas as filosofias do mundo.
Eu ouço apenas um rouxinol na floresta
-- e isso me basta.
Gosto de ouvi-lo. É tudo.
Sou de uma espécie rara: estrela-do-mar
em terra, no fim de tarde tranquilo.
Poema de José Carlos de Vasconcelos
em Repórter do Coração
3 comentários:
Fátima,
E quem te disse que temos de ser o mais completos e conhecedores de tudo...?
Olá,
Gosto de conversar e fazer amizades, por isso, navegando pelos blogues tento abrir novas portas, tendo a minha já aberta, para novos e mais amigos.
Hoje venho bater á tua e devo confessar que gostei do teu blog, do uso das palavras.
Gostei de ler o teu perfil, deixando-me a ideia que comunico com uma pessoa simples, humilde e pura de filosofia de vida. Que gosta de fazer amizades, sérias e honestas, partilhando sentimentos.
É o que se pretende da vida. Os prazeres de partilhar e "o saber, dar e receber".
Se me permitires volto para ler os teus post´s.
Beijo
Não conhecia este poema lindissimo.
A arvore parece solitaria mas feliz.
um bjo
Ouço-me a cada respirar da poesia
Perto de todos os versos do mundo
Na inquietação do que em mim circundo
Neste cruel viver, entre a noite e o dia
Ouço-me. Ouço. Ouso. Pouso. Rouco. Mouco. Pouco. Demais...
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