sábado, março 29, 2008


Eu ouço apenas um rouxinol









Há quem tenha todas as filosofias do mundo



eu ouço apenas um rouxinol na floresta



-- e isso me basta.



Gosto de ouvi-lo. É tudo.



Bebo o vinho, beijo na língua,



e não sei a casta.











Outros são os enólogos,



os profundíssimos enólogos.



Eu mal distingo o azal do cabernet,



o loureiro do trajadura.



E assim vivo, animal de sons e cheiros,



longínqua e lunática criatura.











Há quem tenha todas as filosofias do mundo.



Eu ouço apenas um rouxinol na floresta



-- e isso me basta.



Gosto de ouvi-lo. É tudo.



Sou de uma espécie rara: estrela-do-mar



em terra, no fim de tarde tranquilo.















Poema de José Carlos de Vasconcelos
em Repórter do Coração



3 comentários:

Sérgio Figueiredo disse...

Fátima,

E quem te disse que temos de ser o mais completos e conhecedores de tudo...?

Olá,

Gosto de conversar e fazer amizades, por isso, navegando pelos blogues tento abrir novas portas, tendo a minha já aberta, para novos e mais amigos.
Hoje venho bater á tua e devo confessar que gostei do teu blog, do uso das palavras.

Gostei de ler o teu perfil, deixando-me a ideia que comunico com uma pessoa simples, humilde e pura de filosofia de vida. Que gosta de fazer amizades, sérias e honestas, partilhando sentimentos.

É o que se pretende da vida. Os prazeres de partilhar e "o saber, dar e receber".

Se me permitires volto para ler os teus post´s.

Beijo

as velas ardem ate ao fim disse...

Não conhecia este poema lindissimo.

A arvore parece solitaria mas feliz.

um bjo

Pedro Branco disse...

Ouço-me a cada respirar da poesia
Perto de todos os versos do mundo
Na inquietação do que em mim circundo
Neste cruel viver, entre a noite e o dia

Ouço-me. Ouço. Ouso. Pouso. Rouco. Mouco. Pouco. Demais...