domingo, maio 04, 2008

mãe




haverá flores e serão tristes. haverá sol talvez, mas será tão triste.
lágrimas como mãos sobre o rosto. silêncio negro durante a noite.



não mais entrará no quarto antes de eu adormecer. esperarei sempre
por uma história que nunca contará, por uma canção impossível.








não quero imaginar o dia em que a minha mãe morrer. haverá flores
e serão tristes. haverá vida talvez, mas será para sempre tão triste.


Poema de José Luis Peixoto,
em A Casa, a Escuridão

3 comentários:

Ana Luar disse...

Eu tb não queria ter imaginado... muito menos sentido... mas é muitooooooo muito triste Fátima.


Beijos alegres

as velas ardem ate ao fim disse...

Um texto belisimo.Nem quero imaginae.

um bjo

Astrolábio disse...

A todo o instante há flores que murcham, deixando cair o sorriso sobre o peito.
Outrora viçosas, desbotam-se nas cores que fogem, ressequidas, abandonam-se da vida.
Movem-se apenas pela força do vento, contraem-se e descobrem a última força.
A força que liberta as sementes.
E a vida renasce, por entre os rios que deixam de correr e aqueles que se enfurecem, fazendo-se enxurrada, atropelando-se na ânsia de beijar o mar.
Há sempre chuvas que caem, há sempre um sol que se levanta.
Há sempre coisas que mudam.
Há sempre um onda que nos repele.
Há sempre um mar que nos aconchega.
Há sempre um não que nos move.
Há sempre um sim que nos pára.
Há sempre alguém que nos fascina