O louco
Sabem como fiquei louco?
Há muito tempo, muito antes de terem nascido os deuses, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas.
As sete máscaras que tinha fabricado meticulosamente tinham desaparecido.
Sem nenuma máscara saí para a rua cheia de gente a gritar: Ladrões! Malditos ladrões!
Todos se riram de mim, mas alguns fugiram e fecharam-se em casa com medo.
Quando cheguei à praça principal uma criança que estava sobre o telhado de uma casa gritou: "Olhem é um louco!"
Voltei a cabeça para o ver e pela primeira vez o sol encontrou o meu rosto sem máscara.
O sol iluminou ao mesmo tempo o meu rosto e a minha alma.
A partir desse dia nunca mais usei máscara, e agora agradeço todos os dias ao ladrão que me a roubou.
Agora que já sabem como me tornei num louco, posso confessar-lhes que encontrei muita liberdade e segurança na minha loucura.
A liberdade da solidão e a segurança de nunca ser compreendido (aqueles que nos compreendem fazem de nós escravos).
De Khalil Gibran
em O Louco
4 comentários:
Não conhecia este texto e achei muito bonito.
Um beijinho
é preciso ser-se louco para se ser sadiamente lúcido!
Como é bom abandonar as máscaras e entregar-se à loucura...
Confesso que sempre gostei do K. Gibran, mas estav esquecido aqui para a minha estante. É uma bela composição, para bens por o teres citado neste bonito blog.
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