domingo, outubro 19, 2008

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A Vida Responsável


Conduzir mas sem ter um acidente,
comprar massas e desodorizantes
e cortar as unhas às minhas filhas.
Madrugar outra vez e ter cuidado
em não dizer inconveniências,
esmerar-me na prosa de umas folhas
e estou-me nas tintas para elas,
retocar de vermelho cada face.
Lembrar-me da consulta ao pediatra,
responder ao correio, estender roupa,
declarar rendimentos, ler uns livros,
fazer umas chamadas telefónicas.
Bem gostaria de me dar ao luxo
de ter o tempo todo que quisesse
para fazer só coisas esquisitas,
coisas desnecessárias, prescindíveis
e, sobretudo, inúteis e patetas.
Por exemplo, amar-te com loucura.

















Poema de Amalia Bautista

6 comentários:

mfc disse...

Falta-nos o tempo para as coisas verdadeiramente importantes!

as velas ardem ate ao fim disse...

Neste poema esta o que realmente importa.

um bjo grande

Anónimo disse...

Gostei e até me identifico um pouco com esta pessoa que passa o tempo a fazer o que tem que fazer e assim deixa de ter tempo para fazer o que não Tem que fazer. Ás vezes vida desgasta-nos tanto, mas confio que no fim tudo valeu a pena, até mesmo as horas perdidas em que pensamos que podiamos não fazer o que tinhamos de facto que fazer.
Beijos especiais de irmã.
Kerli

Montanha Azul disse...

Mais que querer e pode fazer todas essas coisas (inuteis e patetas, como o amor às vezes é), queremos alguém que aceite partilhá-las conosco...

Um poema muito bonito.
Beijinho

nat. disse...

Nice!

Gostei do poema...

e o tempo... é sempre muito e pouco...

Beijinho

Pedro Branco disse...

E o tempo para coisas que interessam?