A Vida Responsável
Conduzir mas sem ter um acidente,
comprar massas e desodorizantes
e cortar as unhas às minhas filhas.
Madrugar outra vez e ter cuidado
em não dizer inconveniências,
esmerar-me na prosa de umas folhas
e estou-me nas tintas para elas,
retocar de vermelho cada face.
Lembrar-me da consulta ao pediatra,
responder ao correio, estender roupa,
declarar rendimentos, ler uns livros,
fazer umas chamadas telefónicas.
Bem gostaria de me dar ao luxo
de ter o tempo todo que quisesse
para fazer só coisas esquisitas,
coisas desnecessárias, prescindíveis
e, sobretudo, inúteis e patetas.
Por exemplo, amar-te com loucura.
Poema de Amalia Bautista
6 comentários:
Falta-nos o tempo para as coisas verdadeiramente importantes!
Neste poema esta o que realmente importa.
um bjo grande
Gostei e até me identifico um pouco com esta pessoa que passa o tempo a fazer o que tem que fazer e assim deixa de ter tempo para fazer o que não Tem que fazer. Ás vezes vida desgasta-nos tanto, mas confio que no fim tudo valeu a pena, até mesmo as horas perdidas em que pensamos que podiamos não fazer o que tinhamos de facto que fazer.
Beijos especiais de irmã.
Kerli
Mais que querer e pode fazer todas essas coisas (inuteis e patetas, como o amor às vezes é), queremos alguém que aceite partilhá-las conosco...
Um poema muito bonito.
Beijinho
Nice!
Gostei do poema...
e o tempo... é sempre muito e pouco...
Beijinho
E o tempo para coisas que interessam?
Enviar um comentário