Por algum tempo, mesmo
que seja mínimo, as
coisas são perfeitas. A
rosa ganha caule mas
não desabrocha. a faca
brilha no ar mas não
desfere o golpe. Os lábios
humedecem, antes
de cerrar os dentes.
Por algum tempo uma
criança habita a casa, um
gato aquece ao sol a
sua grata pelagem, um corpo
cansado adormece
no lençol limpo.
Por algum tempo, os insultos
não são proferidos
e os corpos enlaçam-se
apiedados do abismo
entre as próprias imagens.
Por algum tempo acreditamos
em grandes amores e viagens. Depois
consumimos
sucedâneos ou literatura.
Por algum tempo, olhamos~
o quadro sem turistas
à frente. Escutamos o virtuoso
sem tosses na assistência.
Por algum tempo, descobre-se
a cura. O amor regressa. A teoria
convence. A fé ressuscita. Acreditamos
em Únicos e Pátrias.
Até que esse algum tempo
perfeito e mensurável
em desmedido tempo
se transforma.
Poema de Inês Lourenço
em Logros consentidos
5 comentários:
...como costumo dizer...cada momento é unico, devemos estar atentos, virados para fora e não para nós mesmos, pois muitas coisas boas acontecem à nossa volta e nem sempre sabemos aprecia-las.
Gostei!
beijocas
Nuno
Por algum tempo tudo parece correr bem.
Muitas vezes custa me acreditar.mas tento...
um bjo F
As coisas perfeitas são quase sempre as mais simples e podiam perdurar desmedidamente...nós é que complicamos tudo.
Gostei muito do texto
Um beijinho
Perfeição não existe, nunca existirá, só existe para não se transpor, para ser calculada pelo incalculável...
poema quase perfeito;)
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