segunda-feira, novembro 03, 2008

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Por algum tempo, mesmo

que seja mínimo, as

coisas são perfeitas. A

rosa ganha caule mas

não desabrocha. a faca

brilha no ar mas não

desfere o golpe. Os lábios

humedecem, antes

de cerrar os dentes.







Por algum tempo uma

criança habita a casa, um

gato aquece ao sol a

sua grata pelagem, um corpo

cansado adormece

no lençol limpo.







Por algum tempo, os insultos

não são proferidos

e os corpos enlaçam-se

apiedados do abismo

entre as próprias imagens.






Por algum tempo acreditamos

em grandes amores e viagens. Depois

consumimos

sucedâneos ou literatura.




Por algum tempo, olhamos~

o quadro sem turistas

à frente. Escutamos o virtuoso

sem tosses na assistência.




Por algum tempo, descobre-se

a cura. O amor regressa. A teoria

convence. A fé ressuscita. Acreditamos

em Únicos e Pátrias.



Até que esse algum tempo

perfeito e mensurável

em desmedido tempo

se transforma.




Poema de Inês Lourenço

em Logros consentidos





5 comentários:

Anónimo disse...

...como costumo dizer...cada momento é unico, devemos estar atentos, virados para fora e não para nós mesmos, pois muitas coisas boas acontecem à nossa volta e nem sempre sabemos aprecia-las.
Gostei!
beijocas
Nuno

mfc disse...

Por algum tempo tudo parece correr bem.

as velas ardem ate ao fim disse...

Muitas vezes custa me acreditar.mas tento...

um bjo F

Montanha Azul disse...

As coisas perfeitas são quase sempre as mais simples e podiam perdurar desmedidamente...nós é que complicamos tudo.

Gostei muito do texto
Um beijinho

Ibag disse...

Perfeição não existe, nunca existirá, só existe para não se transpor, para ser calculada pelo incalculável...
poema quase perfeito;)