sexta-feira, julho 31, 2009

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Ontem, chorei.


Cheguei a casa, meti-me no quarto, sentei-me na beirinha da minha


cama, tirei os sapatos, desapertei o sutiã


e chorei um bom bocado.



Acreditem

que chorei até o meu nariz pingar para cima da minha blusa de seda

que comprei nos saldos.

Chorei até ficar com as orelhas quentes.

Chorei até ficar com uma dor de cabeça tão grande,

que mal conseguia ver a pilha de lenços de papel sujos acumulada

no chão, aos meus pés.


Quero que saibam

que ontem chorei um bom bocado.

Ontem, chorei

por todos os dias em que estive tão ocupada, ou tão cansada, ou

tão irritada, que nem consegui chorar.

Chorei por todos os dias, e de todas as maneiras

e todos os momentos em que eu desonrara, desrespeitara e desligara

o meu Eu de mim própria,

e acabara por vê-lo reflectido na maneira como

os outros me faziam

as mesmas coisas que eu já fizera a mim própria.


Chorei por todas as coisas que eu dera para depois mas roubarem;

por todas as coisas que pedira e ainda não se tinha concretizado;

por todas as coisas que conquistara para depois as dar a pessoas

em circunstâncias

que me deixavam com uma sensação de vazio, magoada

e simplesmente usada.


Chorei, porque realmente chega uma altura na vida em que

a única coisa que nos resta fazer é chorar.


Ontem, chorei.

Chorei pelos meninos abandonados pelos pais;

e pelas meninas esquecidas pela mães;

e pelos pais que não sabem o que fazer e, por isso, partem;

e pelas mães sem marido que, por isso, enlouquecem.

Chorei, porque tive um menino quando eu própria era uma menina

e porque eu era mãe e não sabia o que fazer,

e porque queria o meu pai ao meu lado, queria-o

com tanta força que até doía.


Ontem, chorei.

Chorei, porque sofria.
Chorei, porque me fizeram sofrer.

Chorei, porque o sofrimento não tem para onde ir,

a não ser para dentro da dor que o causou à partida,

e quando lá chega, o sofrimento desperta-nos.

Chorei, porque era demasiado tarde.
Chorei, porque era chegada a minha hora.

Chorei, porque a minha alma sabia que eu não sabia

que a minha alma sabia tudo o que eu precisava de saber.

Chorei com toda a alma, ontem, e soube-me tão bem.

Pareceu-me tão, tão mal.

Por entre o meu choro, senti a minha liberdade chegar.

Porque

ontem, chorei com um objectivo.


de Iyanla Vanzant

terça-feira, julho 21, 2009

post com dedicatória...


O amor que sinto
é um labirinto.

Nele me perdi
com o coração
cheio de ter fome
do mundo e de ti
(sabes o teu nome),
.......

de um poema de José Gomes Ferreira

segunda-feira, julho 20, 2009

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as memórias são pedaços de nosso passado que teimam em ficar para sempre connosco
ás vezes essa teimosia é abusada demais e as nossas memorias ocupam quase todo o espaço de nossa cabeça
ás vezes eu gostava de fazer "delete" e....iam as memorias todas à vida! arriscava mesmo perder as boas, as minhas poucas memórias boas, para conseguir paz e principalmente para reconquistar um vazio em mim para, então, ter vontade de viver, ou seja, vontade de me preencher novamente.

fatima

quinta-feira, julho 16, 2009

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Por um acaso














Poderia ter acontecido.

Teve que acontecer.

Aconteceu antes. Depois. Mais perto. Mais longe.

Aconteceu, mas não com você.








Você foi salvo, pois foi o primeiro.

Você foi salvo, pois foi o último.

Porque estava sozinho. Com outros. Na direita. Na esquerda.

Porque chovia. Por causa da sombra.

Por causa do sol.







Você teve sorte, havia uma floresta.

Você teve sorte, não havia árvores.

Você teve sorte, um trilho, um gancho, uma trave, um freio,

um batente, uma curva, um milímetro, um instante.

Você teve sorte, o camelo passou pelo olho da agulha.









Em conseqüência, porque, no entanto, porém.

O que teria acontecido se uma mão, um pé,

a um passo, por um fio

de uma coincidência.








Então você está aí? A salvo, por enquanto, das tormentas em curso?

Um só buraco na rede e você escapou?

Fiquei mudo de surpresa.

Escuta,

como seu coração dispara em mim.

Poema de Wislawa Szymborska

segunda-feira, julho 13, 2009

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Na foto podemos ver:
uma flor a nascer
ou
uma planta a florir...
E a questão é:
não olharmos o pormenor
mas
vermos o todo...

Se nos habituássemos a olhar para os próximos de nós, pessoas, e as víssemos como da nossa família...
Se julgássemos os próximos e distantes ou mesmo longínquos, como fazendo parte da mesma sociedade...
Se pensássemos em todos os animais e em todas as plantas e em tudo o que é vida, como parte do mesmo todo que é o nosso ....
Talvez, nos preocupássemos mais, magoássemos menos e cuidássemos mais, dos outros.
Talvez, respeitássemos mais os bichos bicharocos árvores flores e ervas....
Talvez considerássemos mais tudo o que É (terceira pessoa presente indicativo verbo ser), além de nós próprios....

Apenas um pensamento meu, que é muito importante pq meus pensamentos, mesmo os mais efémeros, são uma parte do meu todo...
E apenas uma opinião minha que não é nada importante pois é mais uma, e talvez mt diferente ou mesmo oposta, de entre uma infinidade de opiniões...

beijos, para todos
alguns, com amor
os outros, com consideração e respeito
pq onde não há amor impõe-se essas coisas que tb são bonitas: consideração respeito
( e isto sou eu a tentar praticar as coisas que digo nos meus posts ;))


fatima

sexta-feira, julho 10, 2009

terça-feira, julho 07, 2009

!



Não sei como é para os outros

mas para eu ser feliz e infeliz

basta-me em absoluto:



uma aldeola perdida

nos quintos das estrelas,

à qual elas mandam umas

picadelas insignificantes.





de um poema de Wislawa Szymborska

domingo, julho 05, 2009

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Sê bom.



Mas ao coração



prudência e cautela ajunta.



Quem todo de mel se unta,



os ursos o lamberão.















Poema de Mario Quintana

quinta-feira, julho 02, 2009

e a seguir ao sorriso, foram outras coisas..








Creio que foi o sorriso,

0 sorriso foi quem abriu

a porta.











Era um sorriso com

muita luz

lá dentro, apetecia

entrar nele, tirar a roupa,

ficar

nu dentro daquele

sorriso.









Correr, navegar, morrer

naquele sorriso.
Blockquote










Poema de Eugénio de Andrade