E ela encontrou algo que fazer... Arrumar os livros!
Décimo Sétimo Cálice
Sobre o azul das cadeiras Um ágil miosótis saltita Alinha livros, limpa prateleiras Cujos meneios são mil maneiras De pôr o pó fora dessa palafita.
Aldeia dos lótus em flor Siando à tona do olhar Brancos, porém criando vida e cor No horizonte desse teimoso leitor Que decifra sentidos no imaginar.
Repõe a ordem nos fugitivos Expulsa os intrusos do lugar E se alguns são mais activos Dá-lhes refrega e põe-nos cativos Ordenando-lhes a onde ficar.
É autoritária esta serviçal Dominadora perante residentes Exigindo aos súbditos renitentes Que assumam a sua posição real Na estante, antes que lhe suceda mal.
E eles, livros perdidos, em jeito cru Submissos, intérpretes do conhecimento Acatam a catalogação em CDU Como soldados em missão na ONU Ou em serviço maior do seu regimento...
Tu prà'qui, tu prà'li, em fila, marchando Pondo acerto no passo e tino nas maneiras Que aqui, ao alto subida nestas cadeiras Não há outras leis nem demais fronteiras Pois que aqui, sou eu quem mais mando.
E perante essa razão incontornável Sobre aqueles na reticência activos Eis que Arina, o Sol da tarde perscrutável Assume por momentos As semelhanças e movimentos De uma arrumadora de livros!
Quando até a literatura é estrangeira Na regra dos noves fora mais antiga É condição redobrada ser a primeira A contar de quanto trauteio a cantiga De ficar absorto a soletrá-la pertinaz Já que o corpo por repouso tudo aceita Incluindo ler, que só à mente deleita, Seja a tarde longa e calma ou fugaz Que sempre voará se no fazer apraz.
Medido o tempo por esta clepsidra Onde cada segundo é uma frase lida A pingar da pipeta do entendimento Tece enredos quem só decepa a Hidra Lhe sega as cabeças do medo à vida Tira à serpente gigante o tormento E lhe dá em troca o jeito sagaz melado De um S com asas dito voo soletrado E no sibilo de uma língua enrolado.
A primeira letra de um nome, portanto Só anda repetido adiante, se avança Revestido na aliança serena do canto Em que o compasso é passo e balança Braço dado fazendo do par a esperança Deste Alentejo como um lamento cantado Na sesta amena ao ritmo arado do beijo Que é outro tanto do canto do S no desejo.
Boca a desenrolar-se é só mandorla da fé Num zero que a cabala indica, mas que é O seixo do ábaco se a unidade multiplica Por dez, por cem, por mil e até o infinito Estica, dando ao ver o que só se acredita Existir, sendo esse anel o aro de espírito Suficiente à matéria como forma de lente Prà visão num oito alcançar o ponto fito Que nunca é visto só pelo olhar da gente.
Quem já viu longe e para lá do horizonte Que a eternidade tem por coisa tão certa Como uma árvore, colina, rio, ou monte Habitado por família unida, sã e desperta? Então, esse sabe até reconhecer a aresta Que há no distante Sol cuja seta acerta Raio de alerta e sobre a alma o rio apresta Ao tempo contínuo, sem fim, sólida ponte!
4 comentários:
E ela encontrou algo que fazer... Arrumar os livros!
Décimo Sétimo Cálice
Sobre o azul das cadeiras
Um ágil miosótis saltita
Alinha livros, limpa prateleiras
Cujos meneios são mil maneiras
De pôr o pó fora dessa palafita.
Aldeia dos lótus em flor
Siando à tona do olhar
Brancos, porém criando vida e cor
No horizonte desse teimoso leitor
Que decifra sentidos no imaginar.
Repõe a ordem nos fugitivos
Expulsa os intrusos do lugar
E se alguns são mais activos
Dá-lhes refrega e põe-nos cativos
Ordenando-lhes a onde ficar.
É autoritária esta serviçal
Dominadora perante residentes
Exigindo aos súbditos renitentes
Que assumam a sua posição real
Na estante, antes que lhe suceda mal.
E eles, livros perdidos, em jeito cru
Submissos, intérpretes do conhecimento
Acatam a catalogação em CDU
Como soldados em missão na ONU
Ou em serviço maior do seu regimento...
Tu prà'qui, tu prà'li, em fila, marchando
Pondo acerto no passo e tino nas maneiras
Que aqui, ao alto subida nestas cadeiras
Não há outras leis nem demais fronteiras
Pois que aqui, sou eu quem mais mando.
E perante essa razão incontornável
Sobre aqueles na reticência activos
Eis que Arina, o Sol da tarde perscrutável
Assume por momentos
As semelhanças e movimentos
De uma arrumadora de livros!
Décimo Oitavo Cálice
Quando até a literatura é estrangeira
Na regra dos noves fora mais antiga
É condição redobrada ser a primeira
A contar de quanto trauteio a cantiga
De ficar absorto a soletrá-la pertinaz
Já que o corpo por repouso tudo aceita
Incluindo ler, que só à mente deleita,
Seja a tarde longa e calma ou fugaz
Que sempre voará se no fazer apraz.
Medido o tempo por esta clepsidra
Onde cada segundo é uma frase lida
A pingar da pipeta do entendimento
Tece enredos quem só decepa a Hidra
Lhe sega as cabeças do medo à vida
Tira à serpente gigante o tormento
E lhe dá em troca o jeito sagaz melado
De um S com asas dito voo soletrado
E no sibilo de uma língua enrolado.
A primeira letra de um nome, portanto
Só anda repetido adiante, se avança
Revestido na aliança serena do canto
Em que o compasso é passo e balança
Braço dado fazendo do par a esperança
Deste Alentejo como um lamento cantado
Na sesta amena ao ritmo arado do beijo
Que é outro tanto do canto do S no desejo.
Boca a desenrolar-se é só mandorla da fé
Num zero que a cabala indica, mas que é
O seixo do ábaco se a unidade multiplica
Por dez, por cem, por mil e até o infinito
Estica, dando ao ver o que só se acredita
Existir, sendo esse anel o aro de espírito
Suficiente à matéria como forma de lente
Prà visão num oito alcançar o ponto fito
Que nunca é visto só pelo olhar da gente.
Quem já viu longe e para lá do horizonte
Que a eternidade tem por coisa tão certa
Como uma árvore, colina, rio, ou monte
Habitado por família unida, sã e desperta?
Então, esse sabe até reconhecer a aresta
Que há no distante Sol cuja seta acerta
Raio de alerta e sobre a alma o rio apresta
Ao tempo contínuo, sem fim, sólida ponte!
e depois ainda melhor...
as crianças
abrazo serrano
claro!!! esta era de caras.
beijos meus para ti
kerli
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