quarta-feira, julho 14, 2010

PRINCESAS, só mesmo as nossas meninas pequeninas a fazerem de conta... As outras, todas as que vivem ou queriam viver á custa de..., bahhhhhhhhhhhhh




Retrato de uma princesa desconhecida


Para que ela tivesse um pescoço tão fino


Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule


Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos


Para que a sua espinha fosse tão direita


E ela usasse a cabeça tão erguida


Com uma tão simples claridade sobre a testa


Foram necessárias sucessivas gerações de escravos


De corpo dobrado e grossas mãos pacientes


Servindo sucessivas gerações de príncipes~


Ainda um pouco toscos e grosseiros


Ávidos cruéis e fraudulentos







Foi um imenso desperdiçar de gente


Para que ela fosse aquela perfeição


Solitária exilada sem destino








*


Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen

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