quarta-feira, agosto 04, 2010

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Preciso do teu silêncio cúmplice
sobre minhas falhas.
Não fale.
Um sopro, a menor vogal
pode me desamparar.

E se eu abrir a boca
minha alma vai rachar.
O silêncio, aprendo,
pode construir.
É modo denso/tenso
- de coexistir.
Calar, às vezes,
é fina forma de amar.
*

Affonso Romano de Sant'anna

1 comentário:

Joaquim Maria Castanho disse...

Cruzam-se Vozes na Breve Altivez

Esfarelados escombros resumem os locais a histórias
Todas elas abertas aos acesos movimentos dos tempos
Por demais interrogativas e subtis nas fugazes memórias
Essas consumidas sem pios desvelados consentimentos
Alternos à dor, afoitos ao medo, idos contornos serôdios
Repartidos no degredo à volta do imenso ocaso no azul
Que feito ânsias já não vão além nem vêm, sequer restam
Lodo ou nesga de sombra movediça, chão de qualquer paul.

Cruzam-se vozes na breve altivez, qual sotaque da silente cor
Fazem aos homens outros homens o favor da infrutífera espera,
Mas quanto mais profunda é soletrada a profundidade em flor
Mais desmaiam os ângulos da igual redondez na global esfera.

Fosse a terra toda una e ninguém haveria de escorrer na solidão
Que isso do mundo é uma palete que se comete sem incriminar
Sem violar a integridade aos nomes nem lhes roubar a sede e pão
Cuja água nunca mata porque o seu mister é tão-somente saciar!