Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
*
de Eugénio de Andrade
3 comentários:
Ele é um poeta raríssimo!
Tanta ternura e sensibilidade!
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
mas não o frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e não tinham irmãs de pedra não.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
E! a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
(espero q não dê reviravoltas no seu descanso eterno com este meu atrevimento.... admiro-o muitíssimo)
com bjo da Lininha para ti
o que gostei mais foi do "E!"
quem dera, eu ter a tua visao mais optimista da vida....
beijo retribuido, com amor
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