sexta-feira, novembro 04, 2011

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A lua ignora que é tranquila e clara

E não pode sequer saber que é lua;

A areia, que é a areia. Não há uma

Coisa que saiba que sua forma é rara.

As peças de marfim são tão alheias

Ao abstracto xadrez como essa mão

Que as rege. Talvez o destino humano,

Breve alegria e longas odisseias,

Seja instrumento de Outro. Ignoramos;

Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.

Em vão também o medo, a angústia, a absorta

E truncada oração que iniciamos.

Que arco terá então lançado a seta

Que eu sou? Que cume pode ser a meta?


de Jorge Luis Borges

1 comentário:

mfc disse...

... nunca o saberemos!^
Mas estamos sempre a tempo de o tentarmos descobrir!