Queres? (No ar, a interrogação vibra como
uma onde invisível.)
Queres? (Pelo silencio, não sei quem és, não
sei a razão em mim que te deseja.)
Queres? (É quase de manha e poderíamos
esquecer tudo, fazer as malas, dormir
finalmente.)
Queres? (Uma porta talvez aberta para talvez
um abismo ou um deus. )
Quero. (Já não podemos fugir aos nossos olhos
inimagináveis, inalcançável é o cansaço.)
Quero. ( A luz do quarto continua acesa sobre
a luz da manha, tornamo-nos artificiais.)
Quero. (Os nossos corpos, claro, sempre os
nossos corpos, sempre apenas os nossos únicos
corpos. )
Quero. (Tarde demais.)
de José Luís Peixoto
Sem comentários:
Enviar um comentário