Há dias em que sou muito muito egoísta. Penso em ti, sim, mas na falta que me fazes.
A tua companhia nos almoços no Freixial. As tuas opiniões sempre directas e assertivas. As tuas ideias, tantas vezes em oposição com as minhas, o que nos fazia discutir, aprender, evoluir, crescer. As tuas risadas, muitas quando estavas em fases felizes. Os nossos cafés, os nossos passeios, a nossa troca de livros... As nossas confidências, só nossas, para sempre. As nossas desavenças, também. Os nossos desacordos que às vezes levávamos semanas a resolver.
Penso na falta que me fazes, choro, sinto pena de mim própria. Custa-me tanto aceitar a vida, assim, sem ti!
E depois há os outros dias, cada vez são mais, estes dias. Em que penso em ti, só em ti. No momento presente 18h, 05/08/2020, que não estás a viver. Não estás a ver este sol, a sentir este calor de Verão, que tu adoravas. Não estás na praia, a ver o mar, a comer um gelado, a tirar fotos abraçada às tuas meninas...
Nunca mais abraçarás as tuas meninas....
Cada vez penso mais em ti, que desapareceste, que não me verás nunca mais, nem à mamã, ao papá, à leninha. As pessoas da tua vida, os teus amores.
Sinto um sufoco, no peito. Sinto o coração a apertar, a mirrar, a ficar, mais e mais, pequeno. É uma dor física! Não é uma sensação, uma "impressão" como me dizem.Não consigo chorar, inspiro fundo, tento aliviar...
Também me dizem que vou aprender a viver com esta dor. Eu sei que sim, que vou.
Mas com o coração, dia a dia, mais e mais pequeno, também tenho cada vez menos amor dentro de mim. Não tenho, terei, tanto amor pelos outros, e por mim própria, como antes. Não tenho tanto para dar, oferecer, a ninguém, como antes.
Eu tenho que aprender a viver sem ti.
Os outros terão que aprender a viver comigo assim.
Amo-te tanto.
fatima
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