Há quem tenha todas as filosofias do mundo
eu ouço apenas um rouxinol na floresta
-- e isso me basta.
Gosto de ouvi-lo. É tudo.
Bebo o vinho, beijo na língua,
e não sei a casta.
Outros são os enólogos,
os profundíssimos enólogos.
Eu mal distingo o azal do cabernet,
o loureiro do trajadura.
E assim vivo, animal de sons e cheiros,
longínqua e lunática criatura.
Há quem tenha todas as filosofias do mundo.
Eu ouço apenas um rouxinol na floresta
-- e isso me basta.
Gosto de ouvi-lo. É tudo.
Sou de uma espécie rara: estrela-do-mar
em terra, no fim de tarde tranquilo.
Poema de José Carlos de Vasconcelos
em Repórter do Coração