quinta-feira, abril 26, 2018

quarta-feira, abril 25, 2018

terça-feira, abril 24, 2018

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Não tens de ser bom.
Não tens de caminhar centenas de quilómetros de joelhos, pelo deserto, arrependido.
Apenas tens de deixar que o animal suave de teu corpo ame aquilo que ama.
Fala-me do desespero, o teu, e contar-te-ei do meu.
Entretanto, o mundo segue em frente.
O sol e os seixos límpidos da chuva atravessam as paisagens,
as pradarias e árvores profundas, as montanhas e os rios.
Entretanto, os gansos selvagens, altos no limpo ar azul,
regressam de novo a casa.
Quem quer que sejas e onde estejas, pouco importa quão solitário,
o mundo oferece-se à tua imaginação,
chama-te como os gansos selvagens, com rigor e entusiasmo,
de novo e de novo, a anunciarem o teu lugar
na família das coisas.


Poema de Mary Oliver
Foto minha


sábado, abril 21, 2018

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Há coisas que nunca
tivemos em crianças e perdem
o valor para sempre. Aquele sempre
dos primeiros dez anos, onde o tempo,
as pessoas, as coisas
parecem enormes e indestrutíveis.

Disfarçar-se de relâmpago
ou de outras coisas impossíveis, comer
todos os chocolates, ter uma bicicleta igual
à do estúpido do vizinho, fazer
as coisas que os adultos escondem
atrás da porta dos quartos, retribuir
a bofetada aos nossos 
legítimos superiores, querer
morder com justa causa 
tanta gente no mundo e 
só poder no escuro
morder uma almofada.


Poema de Inês Lourenço
Ilustração de Yejukoo

quinta-feira, abril 19, 2018

quarta-feira, abril 18, 2018

domingo, abril 15, 2018

Os Justos





Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um xadrez silencioso. 
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de certo canto.
o que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.

Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.


Poema de Jorge Luís Borges
Ilustrações de Meral Sarioglu


sábado, abril 14, 2018

Música, GNR, Cais...


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Lá do fundo do mar imundo imenso sais
Oh! Neptuno e as tuas sereias sensuais
Vendes o cais
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Se o mercado emperra e somos todos iguais
Atençao! Cuidado voltas ao cais



quarta-feira, abril 11, 2018

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Nobody realizes that some people expend tremendous energy merely to be normal.


De Albert Camus
Ilustraçao de Juan Hoyos Silva


domingo, abril 08, 2018

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De Eugénio de Andrade


sábado, abril 07, 2018

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Falhamos a vida, menino!
- Creio que sim... Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: `vou ser assim, porque a beleza está em ser-se assim`. E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marques. Às vezes melhor, mas sempre diferente.


Em Os Maias de Eça de Queirós
Ilustração de Christian Schloe



sexta-feira, abril 06, 2018