terça-feira, julho 25, 2006

não sei escolher palavras tão bonitas, mas é o que eu tento sempre te dizer, amor:




Dorme, meu amor





Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais
este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora e sossega ― o pior já passou
há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão
desvia os passos do medo. Dorme, meu amor ―

a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste
e pode levantar-se como um pássaro assim que
adormeceres. mas nada temas; as suas asas de sombra
não hão-de derrubar-me ― eu já morri muitas vezes
e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos

agora e sossega ― a porta está trancada; e os fantasmas
da casa que o jardim devorou andam perdidos
nas brumas que lancei no caminho. Por isso, dorme,

meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e
nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já
olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,
de guarda aos pesadelos ― a noite é um poema
que conheço de cor e vou contar-to até adormeceres.

Poema de,
Maria do Rosário Pedreira

5 comentários:

ruth ministro disse...

Que lindo poema. Como sempre uma escolha de grande sensibilidade. Não conhecia, mas não me vou esquecer mais. Obrigada :) Beijos grandes.

Anónimo disse...

ROUBO AS PALAVRAS Á UTZI!
gostva que me mostrasses a tua caixinha de encantar!!!! tá sempre repleta de pequenas maravilhas!!!

beijo

Papoila disse...

Pois é minha querida... Este teu cantinho é um blog de sensibilidade e ternura. Que lindo este texto!
É bom visitar-te.
Beijo

Cecilia M disse...

lindo

Anónimo disse...

Muito fixe.
Por vezes queremos tanto dizer-te algo e não encontramos palavras...
Fica a saber que fiz muita força para te dar palavras bonitas, desculpa mas hoje tens de ficar só com o esforço, a sério que eu tentei muito e não consegui.
Se ajudar: também estou a fazer força com a mente para te enviar flores telepáticamente.
Sabes bem que sou um rapaz esforçado (entre outros defeitos).
hojesopó.