terça-feira, novembro 28, 2006

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Poça de água









Recordo bem este medo da infância.


Evitava as poças,


sobretudo as novas, após a chuva.


Afinal, uma delas poderia não ter fundo,


ainda que parecesse igual às outras.














Ponho o pé e, de súbito, afundar-me-ei,





voando para baixo,





cada vez mais baixo,





rumo às nuvens refletidas





ou talvez mais além.





















Depois a poça secar-se-á,





fechar-se-á por cima de mim,





e eu para sempre trancada - onde -





ficarei com um grito não repercutido à superfície.





















Só mais tarde compreendi que ~






nem todas as más aventuras






cabem nas regras do mundo






e mesmo que o quisessem,






não poderiam acontecer.














Poema de Wislawa Szymborska






Em Instante










Música: November, Azure Ray

1 comentário:

as velas ardem ate ao fim disse...

Gostei muito do poema que não conhecia.

Um grande bjinho