quarta-feira, agosto 13, 2008

post para a V




ÍTACA














Se partires um dia rumo a Ítaca




faz votos de que o caminho seja longo,




repleto de aventuras, repleto de saber.




Nem os Lestrigões nem os Ciclopes




nem o colérico Posídon te intimidem;




eles no teu caminho jamais encontrarás




se altivo for teu pensamento, se subtil




emoção teu corpo e teu espírito tocar.




Nem Lestrigões nem os Ciclopes




nem o bravio Posídon hás de ver,






se tu mesmo não o levares dentro da alma,



se tua alma não os puser diante de ti.







Faz votos de que o caminho seja longo.




Numerosas serão as manhãs de verão




nas quais, com que prazer, com que alegria,




tu hás de entrar pela primeira vez um porto




para correr as lojas dos fenícios




e belas mercancias adquirir:




madrepérolas, corais, âmbares, ébanos,




e perfumes sensuais de toda espécie,




quando houver, de aromas deleitosos.






A muitas cidades do Egipto peregrina





para aprender, para aprender dos doutos.





Tem todo o tempo Ítaca na mente.





Estás predestinado a ali chegar.





Mas não apresses a viagem nunca.





Melhor muitos anos levares de jornada





e fundeares na ilha, velho enfim,





rico de quanto ganhaste no caminho,





sem esperar riquezas que Ítaca te desse.















Uma bela viagem deu te Ítaca.





Sem ela não te ponhas a caminho.




Mais do que isso, não lhe cumpre dar te.





Ítaca não te iludiu, se a achas pobre.





Tu te tornaste sábio, um homem de experiência,





e agora sabes o que significam Ítacas.




























Poema de Konstantinos Petrus Kavafis (1863-1933)

































Tradução de José Paulo Paz





1 comentário:

as velas ardem ate ao fim disse...

Nao conhecia este poema.Mas que bonito é.Claro que me cairam as lagrimas ao ler.

Tem todo o tempo Ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas não apresses a viagem nunca.

Grande lição.

bjinho