quinta-feira, maio 07, 2009

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O corpo não espera

O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sêde, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera; este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...


Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.

Poema de Jorge de Sena

1 comentário:

mfc disse...

Ele anseia, não espera e desespera!