sexta-feira, dezembro 03, 2010

;)


Antes de amar-te, amor, nada era meu

Vacilei pelas ruas e as coisas:


Nada contava nem tinha nome:


O mundo era do ar que esperava.


E conheci salões cinzentos,

Túneis habitados pela lua,

Hangares cruéis que se despediam,

Perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,

Caído, abandonado e decaído,

Tudo era inalienavelmente alheio,


Tudo era dos outros e de ninguém,

Até que tua beleza e tua pobreza

De dádivas encheram o outono.
*


de Pablo Neruda

1 comentário:

su disse...

pablo de neruda tem este dom de dançar com as palavras... lindo...