sábado, fevereiro 26, 2011

Bom fim de semana...

O corpo não espera. Não. Por nós

ou pelo amor. Este pousar de mãos,

tão reticente e que interroga a sós

a tépida secura acetinada,

a que palpita por adivinhada

em solitários movimentos vãos;

este pousar em que não estamos nós,

mas uma sede, uma memória, tudo

o que sabemos de tocar desnudo

o corpo que não espera; este pousar

que não conhece, nada vê, nem nada

ousa temer no seu temor agudo.

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,

quando um de nós ou quando o amor chegou.
*


Poema de Jorge de Sena

1 comentário:

Manuel Luis disse...

Faz-me recordar alguém que ao passar a mão no seio, detectou um durão e a partir daí foi um corro-pio de idas ao medico. Felizmente tudo acabou bem. Pequenos gestos são grandes passos para a qualidade de vida.