quarta-feira, novembro 20, 2019






Não sei como deveriam ser as coisas.
Profundas como a sede de uma joia ou
tão leves como nomeá-las simplesmente.
Mil milénios de feridas, mistérios e 
esplendor cabem devagar na fala. Tudo é
incalculável, a vida é incalculável, as 
coisas serão a memória de si mesmas.
Existe tanta força no que não sabemos. É
tão pobre a lembrança, vazia a luz das
nossas mãos, sombria a superfície de todas
as vitórias. Que vale menos? O oiro
de cabeças sumptuosas ou os segredos
dos dias que se esgotam? O êxtase
está em gastar a vida sem saber
como deveriam ser as coisas.



de Joaquim Pessoa





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